A Nova Face da Educação

A Nova Face da Educação
Por muitos caminhos diferentes e de múltiplos modos cheguei eu à minha verdade; não por uma única escada subi até a altura onde meus olhos percorrem o mundo. E nunca gostei de perguntar por caminhos, - isso, ao meu ver, sempre repugna! Preferiria perguntar e submeter à prova os próprios caminhos. Um ensaiar e perguntar foi todo o meu caminhar – e, na verdade, também tem-se de aprender a responder a tal pergunta! Este é o meu gosto, do qual já não me envergonho nem escondo. “Este – é meu caminho, - onde está o vosso?”, assim respondia eu aos que me perguntaram “pelo caminho”. O caminho, na verdade, não existe! Zaratustra

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Educar para a liberdade

 

O cerne do processo educativo é a verdade. A base onde se edifica o processo é constituída por inteligência e verdade, que é seu objeto. O homem se torna livre tanto quanto conhece. Se conhece mais, é tanto mais livre. "Conhecereis a verdade e ela vos fará livres." (Jo 8, 32) O educando deve se ocupar da pergunta de Pilatos: "Que é a verdade?" (Jo 18, 38) pois o homem, para ser livre, precisa conhecê-la e testemunhá-la. Testemunhar a verdade é testemunhar a própria liberdade.: "Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade." (Jo 18, 37) 

Educar conduzindo, como pensou Aristóteles, implica fazer com que o educando seja protagonista da sua educação, logo, a vontade livre do educando deve corresponder à ação consciente do educador que atentará para o fato de que o método é o caminho, não o ponto de chegada! Tem-se, de fato, adestrado muito em vez de educar. O educando (adestrando) não se torna capaz de pensar, de discernir, de avaliar, de julgar... não descobre verdadeiros valores, uma vez que a vontade só é livre se apetece o bem e só pode apetecê-lo se o conhece como tal só podendo discerni-lo do mal se for iluminada pela verdade que por sua vez só é descoberta paulatinamente no processo educativo. Daí se acharem críticos aqueles que repetem frases feitas e também aqueles que pensam que pensar e ser livre é discordar de tudo e todos, ficando escravos da dúvida. Ora, se etimologicamente ‘educar’ sugere tirar de dentro, esse tipo de processo resulta em fechar o educando em si mesmo impedindo-o até de formular questões cruciais a existência humana. Esse tipo desastroso de processo educativo (adestramento) diminui o homem, que é um não acabar de possibilidades que precisam ser atualizadas para que conquiste a sua liberdade interior, para que seja ele mesmo, pois não nasce pronto.

Adriano Morais
Publicado no Recanto das Letras em 24/09/2010
Código do texto: T2517783

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