A Nova Face da Educação

A Nova Face da Educação
Por muitos caminhos diferentes e de múltiplos modos cheguei eu à minha verdade; não por uma única escada subi até a altura onde meus olhos percorrem o mundo. E nunca gostei de perguntar por caminhos, - isso, ao meu ver, sempre repugna! Preferiria perguntar e submeter à prova os próprios caminhos. Um ensaiar e perguntar foi todo o meu caminhar – e, na verdade, também tem-se de aprender a responder a tal pergunta! Este é o meu gosto, do qual já não me envergonho nem escondo. “Este – é meu caminho, - onde está o vosso?”, assim respondia eu aos que me perguntaram “pelo caminho”. O caminho, na verdade, não existe! Zaratustra

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Por que e como devemos usar apresentações de slides na escola?

O uso das apresentações de slides é muito frequente no mundo corporativo e também nas universidades e escolas privadas. A razão disso é simples, estas organizações têm acesso aos recursos necessários: o computador, o projetor multimídia, as telas de projeção. Mas em alguns casos o uso se transformou em abuso. Pelo excesso mesmo! Alguns professores nunca mais chegam perto de um quadro de giz. Vamos analisar por que isto não é muito recomendável.

Há argumentos bem forte contra este abuso. No Blog "Café Filosófico", ligado a Universidade de Évora, o professor Renato Martins publicou um post onde afirma que assistir a aulas com este tipo de apresentação pode promover uma atitude preguiçosa e descompromissada dos estudantes. É verdade, porque nessas aulas, em geral, os estudantes não precisam tomar nota de nada e nem há tempo para isso. Os slides são passados muito rapidamente. Os alunos assumem uma atitude passiva, como expectadores apenas. Nas palavras do professor Martins, “embora sempre tenha havido alunos com um interesse secundário na sabedoria, a tecnologia potencia ainda mais os conhecimentos falsos e a ignorância escondida. A questão da cidadania e a noção de pensamento crítico e autônomo vão-se perdendo, dando lugar a um analfabetismo funcional, uma série de macacos cibernéticos que sabem funcionar, mas não se interrogam bem porque o fazem” (MARTINS, 2008).

Como dissemos, o argumento é forte! Vamos tentar entender o que leva um professor universitário a se pronunciar de modo tão enfático. Analisemos o que diz outro professor que concorda que o risco acima existe: é o professor José Carlos Cintra, da USP de São Carlos. Ele argumenta que “com o uso da lousa, duas características são muito valiosas em termos didáticos. A primeira é o fato de o professor representar a figura central, e a lousa apenas um instrumento a seu serviço. A outra característica é que, na lousa, as informações aparecem passo a passo. Os desenhos, as equações, as definições etc., tudo é donstruído com o acompanhamento do aluno” (CINTRA, 2007).

Ele nos alerta que o uso inadequado dos slides (em número excessivo, poluídos de informação, com frequência exagerada) muda a dimensão tempo na relação do professor com aluno e deste com o conhecimento. Diz ainda o professor Cintra que “cada slide mostra todo o seu conteúdo de uma vez só. Esses slides autoexplicativos são projetados continuamente, sem interrupção, ofuscando o professor. Nessas condições, mesmo ótimos professores não conseguem dar boas aulas. Como refém da projeção, e sem chance de demonstrar o seu conhecimento e de cativar os alunos, o professor tem a sua atenção monopolizada pela tela de projeção e, por isso, geralmente se posiciona de costas para o seu público, tornando-se um mero coadjuvante” (CINTRA, 2007).

O professor Cintra recomenda que se você está usando os slides digitais como complemento da sua aula, então fuja dos slides autoexplicativos, pedindo que o foco volte a ser você, o professor, sendo os slides apenas um acessório. Outra recomendação é que não se privilegie a forma em detrimento do conteúdo. As possibilidades de recursos multimidiáticos acabam ofuscando a mensagem. É preciso cuidado!

Em artigo publicado na revista digital “Língua UOL”, a professora de língua portuguesa da Faculdade de Informática e Administração Paulista, Ana Cláudia Moreira, concorda com estes aspectos. “A gente acaba acostumando mal os alunos. Quando havia só giz e lousa, as crianças escreviam mais. Hoje, os alunos estão acomodados. O professor passa o PowerPoint e depois passa para os alunos o arquivo. Há uma cobrança deles pelo arquivo, e aí deixam de escrever e anotar” (MOREIRA apud MURANO, 2009).

E o professor da Universidade Positivo de Curitiba, Ricardo Macedo, no mesmo artigo mencionado acima, sintetiza: “É uma ferramenta que complementa a educação, como um quadro-negro, um retroprojetor ou um livro ao alcance de um bom educador. Mas um professor que baseia suas aulas só nessa ferramenta comete um grave erro. É como comer um só tipo de alimento, por mais que possa ser bom, não nutre por completo” (MACEDO apud MURANO, 2009).

Então, ficou claro! Precisamos ter cuidado ao usar esta ferramenta. Nas escolas públicas, em geral isto não é um problema, até porque nestas escolas os recursos tecnólógicos são escassos. Mas esperamos que isto mude no futuro, então é bom começar já a aprender com os erros dos outros, para não repeti-los, não é mesmo?

De todo modo, todos os autores citados concordam que, se bem utilizadas, as apresentações de slides digitais trazem a vantagem da agregação de imagens e sons criando um contexto muito mais envolvente do que apenas a fala do professor. E, trazem também a vantagem de destacar e dar ênfase aos pontos mais importantes de um conteúdo. Neste sentido, a professora Moreira destaca que o uso deste recurso estimula a capacidade de síntese, de concisão e de objetividade, o que promove uma “atenção redobrada ao padrão do idioma, já que o manejo atropelado da língua se torna, durante uma apresentação, algo que ‘salta aos olhos’.” (MOREIRA apud MURANO, 2009).

Mas esta capacidade de síntese, concisão etc. apenas surge para quem cria uma apresentação, não para quem a assiste. Então chegamos aqui a uma conclusão importante: os nossos alunos também devem ser autores das apresentações. É isso mesmo! Afinal, já sabíamos que numa escola participativa e dialógica, o discurso não é unilateral, a autoria e sistematização do conhecimento devem ser compartilhadas entre professores e estudantes.

O professor Sérgio Abranches, em entrevista dada à Agência Rio-Mídia, destaca como questão básica a importância dessa partilha na produção do conhecimento: “não estou falando aqui da socialização do conhecimento, algo muito importante. Falo do processo de produzir conhecimento; este deve ser partilhado, cooperado.” (ABRANCHES, 2008).

Ele nos orienta que precisamos atuar de modo a não permitir que a cópia nos trabalhos escolares seja uma alternativa viável. E dá três dicas importantes para isso:

  • "A primeira questão que o professor deve fazer é refletir sobre o que ele propôs aos alunos e o modo como ele propôs. Aí está a raiz da questão. Se o aluno não foi convocado para ser autor-colaborador daquela atividade, ele não se sente com o compromisso de produzir nada que seja dele, ou a partir dele.” (ABRANCHES, 2008).
  • Outra questão é participar e mediar o processo de produção dos alunos (que questões, que fontes utilizaram, que dificuldades tiveram, o que facilitou ou dificultou as análises feitas etc.);
  •  Por fim, o útimo aspecto é a confrontação das produções de diferentes grupos de alunos, buscando a troca, a reflexão e a identificação dos pontos comuns e das particularidades e diferenças.
"O uso e a democratização do computador geraram uma série de novos desafios para os linguistas. A possibilidade oferecida pelo PowerPoint, de relacionar imagens, sons, textos e vídeos, representa um valioso instrumento para o processo de comunicação interpessoal." (MURANO, 2009). Desafios maiores ainda estão colocados para os professores.

Fonte: Módulo do Curso Proinfo Integrado
INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO DIGITAL
:: Guia do Cursista ::

7 comentários:

  1. É de suma importância o uso de slides no processo educativo, porque auxilia e orienta tanto aos alunos como também aos professores. Despertando em ambos, mais criatividade, curiosidade e acima de tudo o aprendizado. Mas, toda regra tem excessão. O uso abusível desse material torna-se, as pessoas envolvidas na educação, preguiçosas e descompromissadas. Temos que levar em consideração que o processo de produçaõ de conhecimento deve ser partilhado e que a parte humana é essencial nesse processo. Idnei

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  2. A utilização dos slides em sala de aula possibilita dinamizar a aula a medida que permite a utililização de sons e imagens atrelados ao conteúdo da aula.
    Prém como em todo o processo educativo é necessário uma visão crítica ao utilizar este ou aquele recurso e principalmente o educador deve ter consciência que a dinâmica maior da aula consiste em mostrar ao alunos as múltiplas possibilidades encontradas para acessorar na construão do conhecimento e para tanto faz se necessário a utilização de diversos recursos.Os slides são apenas um destes.

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  3. Estão cada vez mais sendo utilizados os slides em sala de aula.Não só pelo professor como também pelos alunos. Na escola em Pindobaçu Romulo Galvão os alunos fazem uso para seminários. E acreditem se quiserem estão dando show.

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  4. Estamos vivendo o momento ,em que ,o professor deve de maneira consciente, utilizar-se de tudo aquilo que trabalhado de modo coerente venha lhe ajudar a desenvolver um bom trabalho e conseqüentemente fazer com que o aluno também renda na sua aprendizagem .Lógico que tudo quando é usado em excesso e sem planejamento em vez de ajudar atrapalha.
    SARA/MARIA Lúcia.

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  5. concordo com as opiniooes das colegas no que diz respeito ao uso de slides em sala de aula, visto que nao devemos abusar desse recurso senao ele se transformará no quadro negro moderno onde o professor expoe o assunto e os alunos copiam sem emiteir opinioes ou criticas a respeito do mesmo. Essa ferramenta deve ser usada com criticidade e de maneira que possibilite a construcao de um ensino/conhecimento significativo.

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  6. Considero pertinente o comentário do nobre colega Gilberto Silva visto que ele entendeu o âmago do texto que é usar a ferramenta com criticidade.
    Na leitura do texto principal sobre slides gostei também do que o autor falou qd utiliza-se muitos slides o professor fica de lado o centro é a tecnologia.

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